sábado, 29 de dezembro de 2012

A fraternidade e a educação


Sempre se escuta a frase: "educação se traz de casa" no sentido de que boa educação é algo que se aprende no seio familiar, hoje faz exatamente um mês que estou trabalhando num quartel pequeno, perto de casa, na verdade comparado com o QCG esse é micro, ali estive observando a família que se formou, pessoas que passam ao menos dois dias da semana juntos, são dois dias inteiros, ou seja, 48 horas, é um tempo considerável, todos acabam se conhecendo muito bem, interessantemente ali todos conhecem os defeitos uns dos outros entretanto, também reconhecem as virtudes uns dos outros; isso é algo notável pois em diversos lugares onde teoricamente a fraternidade deveria ser praticada não se constata essa prática, esses lugares são igrejas, centros espíritas, terreiros, lojas e vários locais que têm uma missão espiritualista e/ou filosófica.
Comecei a tentar entender porque se observa esse fenômeno e acredito que entendi seu funcionamento, muitas famílias, quando digo família estou falando da célula mater da sociedade, onde passamos nossa primeira infância, sofrem problemas e não praticam a fraternidade; lá os valores são adquiridos, lá recebemos os bens mais valiosos que jamais receberemos em toda nossa vida, responsabilidade, ombridade, humildade, honestidade, e outros; todos valores que levaremos por nossa vida adquirimos ali, mas muito do que foi dito tem seu valor diminuído pois disso se subtrai o que foi feito, numa família onde o pai de uma criança tem relações cortadas com o tio desta ela entende que pode cortar relações com seu irmão, o pai destas duas pessoas pode falar em fraternidade durante vinte anos, mas tudo será nulo enquanto ele mesmo não reatar relações saudáveis com seu irmão, muitos dos amados sabem que este signatário foi pai jovem, aos 18 anos, mas pela graça do Eterno, jovem ainda aprendeu o valor do exemplo, nada do que se fala para um filho, um irmão, um sobrinho, um esposo, um amigo, um colega de trabalho, um conhecido, ou mesmo para aquele balconista do qual você nem viu o rosto, pode ser diferente do que se faz, há de existir razoabilidade, coerência entre o que se fala e o que se faz; a máxima: "faça o que eu digo, mas não o que eu faço"; é tremendamente equivocada, sempre me lembra ditadura, tirania, autoritarismo, e antagoniza a frase do mestre documentada no livro de São Mateus, capítulo 7, versículo 12: "tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós".
Entendo que ser família, é praticar a fraternidade, que todos os homens são irmãos, entendo também que praticar a fraternidade é oferecer antes o que é preciso e depois o que se quer, observo que em nossa sociedade de consumo muitos são os bens físicos oferecidos porém poucos os psicológicos, não estamos ensinando aos nossos filhos o valor das pessoas, não estamos ensinando aos nossos irmãos, seja de qual grau de parentesco for, o valor que todos temos pelo que que somos independente do que possuímos portanto, tenhamos em mente que todo ser tem seus méritos e alinhemos nossos pensamentos, palavras e ações.

Salutem Punctis Trianguli .'.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O pecado da curiosidade



Há séculos a curiosidade foi tratada como pecado, muitas vezes, ainda hoje surpreendemo-nos com certo sentimento de vergonha, curiosos por algum assunto; é o resultado de anos de treinamento ao conformismo; ao longo da história temos exemplos de buscadores da sabedoria que foram perseguidos, martirizados ou presos, como Galileo Galilei, que além de preso foi condenado a abjurar, ou seja, voltar atrás em suas afirmações (sobre a questão do heliocentrismo). Também digna de consideração é a questão de qual é o foco de nossa curiosidade, ou ainda melhor, qual sua intenção; para o direito a intenção é algo a ser sempre avaliado, o que determina dolo ou culpa; aplicado ao nosso assunto diria que determina seu caráter, é como a diferença entre o psicanalista, que buscando nos detalhes do cotidiano do indivíduo tenta estabelecer aspectos da personalidade parar poder determinar um auxílio, e o fofoqueiro, que apontando defeitos talvez nem existentes procura julgar-se superior pela inferiorização do próximo.
No estudo da curiosidade e do pecado vejo-me impelido a considerar o pecado original, na tradição bíblica, aquele cometido por Adão e Eva causando sua exclusão do paraíso; não tenho aqui a pretensão de dar a última palavra em interpretação desse texto, mas apenas dar uma das minhas interpretações; acho bastante razoável identificar esse como sendo um pecado de curiosidade; eles, os ancestrais primevos, se viram curiosos, podiam falar com Deus e com a natureza, mas não podiam ter o conhecimento do bem e do mal, esses devaneios me levam a contemplar a questão do ser como o menino para poder entrar no reino dos céus, ou seria para poder voltar ao paraíso? Podemos admitir por analogia que Adão e Eva podiam alimentar-se de todo o conhecimento disponível naquele universo (jardim), entretanto jamais do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, que fruto será esse?
Hoje entendemos que curiosidade é olhar à frente, buscar evolução; sempre lembrando que não existe lei nova no universo apenas novos entendimentos possíveis pela evolução da consciência humana, basta observar o versículo 21 do capítulo 5, da primeira epístola de São Paulo aos tessalonicenses: Examinai tudo, retende o que é bom. Portanto onde acreditávamos haver o pecado da curiosidade percebemos que existia somente nossa própria consciência submetida a entendimentos dogmáticos alheios, assim tentemos eliminar de nossas consciências preconceitos e medos, foquemo-las em curiosidades sadias e deixemos o dom maior de Deus manifestar-se em nossas vidas, a própria consciência.

Osculum Pacis !

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Deus é Laico



Contribuição do amigo JD Lucas, a quem agradeço por me confiar esse texto.

A religião foi a maneira que o homem primitivo encontrou para lidar com suas questões sem solução, um impulso surgido da necessidade de um aspecto transcendente operando por trás da realidade. Em princípio, os deuses assumiam formas ou manifestavam-se através dos aspectos naturais, e todo o paganismo deriva dessa disposição. Adiante, com a sofisticação da escrita em decorrência da criação de códigos sociais — que ampliou a interação entre dois sujeitos que compartilhavam o mesmo sistema linguístico — aqueles mais letrados passaram a impor sua religião como única, ou mais aceitável, associando o valor do sentimento religioso proporcionalmente ao valor do conhecimento adquirido sobre a natureza. O preço dessa operação foi morte do mito, ou sua imersão no desconhecido. 
Todos os fatos, acontecimentos e por quês advém, no entanto, da mesma raiz comum a homens e mulheres, e o mito é uma realidade inerente a todo ser. A substituição do paganismo em grande parte do ocidente por uma religião de credo monoteísta surge para agrupar aqueles aspectos naturais que antes tinham vontade e personalidade própria, para formar um todo ultra-consciente que conecte tantos aspectos errantes numa mesma unidade conceitual. Assim, você tem a destruição de milhares de deuses em troca do nascimento de um apenas-Ele, responsável desde já, pela fundação da realidade, como se outros deuses nunca tivessem existido ou não tivessem importância. Então, a consolidação do monoteísmo no ocidente, à medida que o homem adquire e quantifica conhecimento sobre si, é ele mesmo símbolo dessa unificação de aspectos díspares de influência da natureza em um só aspecto permeando todas as coisas. Uma só lei, Uma só causa. 
Com o advento do cristianismo, um novo e importante dado é acrescentado, e vem transformar pra valer a concepção de divindade. Sendo um desdobramento daquela essência una, Cristo é o Deus feito carne, um homem por todos os homens, o que leva a informação mitológica do herói (Hércules, Odisseu, Ajax... pra citar os gregos) novamente às alcovas, onde mais se carece de uma intervenção divina; Dalí, a informação se espalha e, com o acréscimo gradativo dos aspectos míticos gerado pelo boato (milagres, sabedoria, ascendência divina...) temos um mito que surge forte o suficiente pra desbancar divindades muito antigas, como o Mitra grego ou o Hórus egípcio. Valendo-se de estratégias humanamente sagazes e simples, o corpo do que seria mais tarde a igreja católica, associa aspectos míticos de outras crenças no intuito de criar identificação com as pessoas, que carentes de espelhos transcendentais, volta-se para o absolutamente novo filho de deus.
A humanidade atinge dessa forma, com a ascensão crística, um valor que a própria concepção política da Igreja não pode prever. A ideia de que cada um, em sua individualidade, tem capacidade e competência para realizar-se de forma plena. Simbolicamente, é como se, com a ascensão de Cristo, Deus também tivesse deixado pra trás os templos, e postulasse que só vivendo inteiramente a própria individualidade e retirando-se de toda mediocridade de pensamento e ação, será possível alcançar o Céu, ainda que todo erro e ilusão sejam necessários. Prova disso é que no relato do mito da crucificação, Cristo exprime, perplexo: “Meu deus, meu deus, por que me abandonaste?”, como um ato tardio de dúvida que o torna humano. Foi abandonado na cruz, desfeita toda sua ilusão. A resposta transcendente à sua realização é a ascensão em corpo e espírito aos céus, a ressurreição propriamente dita.
Ninguém pode afirmar de fato se Jesus existiu, ou sobre os milagres que realizou, mas por haver um Cristo, quer dizer, um Salvador associado ao sentimento religioso do mundo, um mito tão atuante sobre a auto-realização aponta principalmente para o fato de que deus, a mônada, não está preso ao templo ou à filosofia, sequer está preso a algo, quer sejam as concepções mais restritas ou libertárias. Pra realizar-se plena e satisfatoriamente, o conceito ultrapassa toda limitação, inclusive as lingüísticas, e se estabelece para além do discurso, muito além, para dentro.
Então esse texto atinge o máximo de sentido que pode atingir e termina.

Tolerância, opinião e sabedoria


Ter opinião parece uma exigência, devemos concordar ou discordar, devemos gostar ou não, achar bom ou ruim, mas porque temos essa obrigação? Arrisco dizer que é por conta de vivemos na era da informação e, como todos temos a informação, devemos fazer algo com ela, tomarmos partido. Talvez tenhamos uma ou duas alternativas, talvez possamos simplesmente entender que não dispomos de informação suficiente para tomar alguma decisão, ou talvez possamos dizer que, e eu digo isso sempre, agora eu entendo assim, mas posso mudar completamente de ideia daqui a um momento; com essas informações chego ao assunto do respeito a opinião alheia.
Tolerância não é um termo que acredito adequado ao assunto, quem tolera é de alguma forma superior, permitindo que algo inferior se manifeste; prefiro entender que devemos é respeito e consideração, respeito porque a opinião alheia foi gerada a partir da experiência pessoal do indivíduo, e esse individuo tem o mesmo direito que nós ao seu próprio entendimento; consideração porque essa experiência pessoal pode ser tão ou mais interessante que a nossa própria, por isso devemos considerar e sermos serenos ao tomar nossas posições em relações a assuntos delicados, principalmente quando em discussão que pode atingir pessoalmente outrem; quem fala pouco erra pouco, esse é um adágio comprovadíssimo, portanto aconselho que sejamos modestos, evitando tomadas ostensivas e definitivas de posição, podemos mudar e opinião e então estaremos presos pela palavra, por nosso próprio ego que tenta nos impedir de voltar atrás, lembro as palavras do evangelista Mateus, no versículo 11 do capítulo 15 de seu livro: "O que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem". Outra questão interessante é que essa serenidade não deve ser confundida com apatia, não devemos ficar "em cima do muro", existem situações que demandam posição, ação, resposta imediata, é aí que devemos ter sabedoria, resolvendo os assuntos de forma a possibilitar que eles permaneçam resolvidos e não se tornem outros problemas.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas

Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do camnho
no meio do caminho tinha uma pedra

Carlos Drummond de Andrade
publicado na Revista de Antropofagia, 1928
depois em Alguma Poesia, 1930

Drummond de Andrade hoje completa 110 anos de seu nascimento, mais um gênio que se apresentou naquele momento único da literatura (do pensamento) brasileira.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Lei do Antropófago


"Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago" Oswald de Souza, Manifesto Antropofágico, 1928.

Incrível como a arte em suas diversas apresentações materializa experiências místicas/espirituais, essa frase é parte do Manifesto Antropofágico que recomendo que leiamos, seu autor foi o principal agitador cultural de sua época e iniciador do modernismo brasileiro. A imagem acima é um exemplo pictórico daquele momento, é o Abaporu (homem que come, Tupi Guarani) de Tarsila do Amaral, também de 1928.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Encontros com Drol Redaj


Edharme frequentava um mosteiro a algum tempo buscando encontrar ali uma parcela da antiga luz perdida, contudo notava algo errado na postura de alguns monges, eles agiam, falavam e consequentemente pensavam de forma totalmente oposta aos ensinamentos pregados ali. 
Um dia, quando do encontro semanal, adentrando os portais do grande templo viu um ancião acomodado, ele se diferenciava de todos os outros, não saberia explicar o que era, mas daquele ser algo irradiava, algo que inspirava a intensificar a busca pelo excelso.
Era costume os visitantes mais ilustres fazerem uma explanação, aquele venerável desconhecido falou sobre a jornada que todos nós, seres humanos, percorremos. 
Edharne não conseguiria descrever o que se sucedeu, e em suas memórias deixa claro acreditar que nenhum homem tão pouco conseguiria enquadrar os acontecimentos em qualquer lei da natureza conhecida. A força arrebatadora que as palavras daquele velho possuíam era inexplicável;  ao ouvi-lo sentiu que realmente tudo o que buscava  encontrar desde muito cedo poderia ser finalmente alcançado; sentiu que a verdade existia e estava acessível a todos os seres humanos, bastando apenas entregarem-se verdadeiramente à busca. Edharme não deixa claro em seus ensaios se foram fatos, sonhos ou delírios, parece mesmo que ele próprio não saberia dizer.
O ancião após dissertar com ardor acerca da necessidade de manifestarmos o que de melhor existe em nós, subjugando a malévola influência que o demônio chamado EGO nos inflige, calou-se e o silêncio que se seguiu trouxe uma harmonia inefável ao coração de Edharme que, ainda extasiado pelas reverberações que a voz daquele velho causaram-lhe, perguntou  ao monge ao seu lado:
- "Quem é ele?"
A resposta foi curta, soou mesmo como uma repreensão, como se fosse um pecado não conhecer o mestre.
- "Ele é o DROL", disse o monge com olhos incriminadores.
Edharme perdeu-se por um momento enquanto o nome do forasteiro ecoava em sua mente, porém onde a verdade se manifesta o erro sempre espreita.
Um monge de feições esquálidas, um dos mais promissores, que já há muito se entregara ao mosteiro, levantou-se após a influência vibratória de DROL amenizar, e com voz rouca e cortada proferiu ataques ao velho sábio, o monge esquálido que tentava demonstrar ter entendido as palavras do velho mestre se via traído por seus próprios olhos que deixavam transparecer o ressentimento por não tê-lo compreendido, indo contra o principal ensinamento do mosteiro que pregava tolerância, amor e paz, ergueu vociferações que depunham contra si próprio, e revelavam o medo de se ver diminuído em seu status de promissor estudante.
Quando calou-se o monge, DROL, sentado em seu lugar, ergueu a voz com tristeza profunda no olhar:



Um dia o jovem DROL sentado estava
Ouvindo um monge magro e altaneiro,
Que coisas sem sentido apregoava,
Que se julgava o sábio do mosteiro.

O magro monge ao seu semblante dava
Um ar correto, justo e verdadeiro,
Contudo em seu olhar se vislumbrava
Que lhe faltava o verbo derradeiro.

O monge magro então vociferava
Tomando o jovem DROL por embusteiro,
Contudo a sua voz nada gerava
Além de um eco vago e corriqueiro.

O jovem DROL que apenas desejava
Fitar a grande luz do ”Ser Primeiro”,
Notou que sua busca incomodava
O monge que dizia ser pedreiro.

O magro monge então lhe atacava
Com seu palavreado costumeiro,
E o jovem DROL somente se calava
Se perguntando: “- é isso ser obreiro?”

Assim o jovem DROL que se esquivava
Dessas querelas, como um cavalheiro
De forma educada lhe falava:
- “Respeita monge tolo o Jardineiro.”

Ao dizer essas palavras DROL retirou-se partindo com o olhar perdido em questionamentos que talvez nenhum homem possa compreender, fôra aquela a última vez em que DROL falaria naquele templo, e por muito tempo Edharme não voltaria a ter notícias de seu paradeiro, os monges continuaram seguindo a sua caminhada, vivendo como de costume a rígida rotina monástica, enquanto Edharme esforçava-se para não deixar se apagar de sua memória e de seu coração a imagem e as palavras daquele sábio; esforçava-se para manter vivo em seu ser o exemplo que lhe dera o velho  DROL REDAJ.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Fênix


A ciência me disse:
"o que se mede existe"
Pelo espaço voei
num momento sonhei

Um momento indizível
um sonho invisível
um pássaro mágico
sentimento nostálgico

O pássaro mãe conduz
força e ternura venerável

Numa esfera de luz
um universo incomensurável

Fr Taciturnus

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A Estrada e o Mestre

Eia aqui amados mais um texto atribuído ao antigo sábio Drol Redaj, há rumores de que este talvez seja obra de um de seus discípulos e não do próprio mestre*, mas vale a pena dar uma lida. PAZ !

" É difícil precisar o momento exato em que se começa a caminhar por uma estrada, existem diversos acontecimentos que servem como marco para definirmos um ponto cronológico que indique o início de nosso caminhar, contudo quando cotejamos os momentos anteriores à essas marcações observamos que já em diversas ocasiões manifestávamos os sinais característicos do caminhar e identificávamos as sutilezas da estrada, e que mesmo não sabendo conscientemente o que estávamos fazendo, sentíamos no mais profundo de nosso ser que este era o caminho certo a se seguir, mesmo que a grande maioria das pessoas ao nosso redor caminhasse em uma direção claramente oposta.
Quando comecei a caminhar não sabia exatamente aonde ia, nem a razão de estar indo. A única coisa verdadeira que sabia, ou julgava saber, era que os caminhos que via os outros percorrerem não possuíam nem um tipo de atrativo que me levasse a querer seguí-los. As paisagens desses caminhos pareciam desprovidas de propósito e significado. A estrada parecia curta demais. Se apresentava sem aquele brilho misterioso que enxergamos em algo cuja magnificência transcende a nossa ínfima compreensão. E assim, talvez direcionado por algum desejo interno verdadeiro, e forte o suficiente para transmutar a quimera que chamamos de realidade, ou talvez por pura sorte, comecei a caminhar por essa estrada.
Foi algo único. Não há palavras na sublime linguagem humana que possa descrever com perfeição o sentimento arrebatador que nos envolve quando compreendemos que finalmente encontramos a verdadeira estrada, tão pouco é possível verbalizar a divina sensação que lentamente cresce em nossa consciência quando estamos à percorrê-la.
Para mim o início foi solitário. Caminhava observando tudo que se apresentava a minha limitada visão. Algumas coisas que vi somente depois de passado longo tempo pude verdadeiramente compreender, outras, não sei se por falha minha ao interpretá-las, ou, talvez, em percebê-las, confesso que ainda hoje não compreendo. Mas caminhei. Dediquei-me de corpo e alma a estrada e ao caminhar, pois buscava lograr o grande premio que diziam aguardar ao final todos aqueles que por essa estrada passavam.
Diziam que um grande sábio habitava no final da estrada e que todo aquele que lá chegasse poderia receber ensinamentos desse grande mestre.
Assim prossegui caminhando sozinho e observando, até que em determinado momento encontrei outro caminhante. Era alguém como eu. Nunca o havia visto antes, mas sentia que dele se irradiava algo que o distinguia dos outros, algo intrínseco ao caminhante dessa, misteriosamente desenvolvido que se torna perceptível aos outros viajantes. Sem saber como, eu sabia... ele era meu irmão.
Juntos percorremos grande parte do caminho nos entretendo com as maravilhas que a estrada oferece. Em alguns momentos ele demonstrava nítida comoção com detalhes que aos meus olhos eram apenas interessantes, em outros eu me encantava e expressava de forma eufórica a sublimidade de coisas que para ele talvez não fossem tão expressivas. Mas caminhamos, juntos caminhamos até que a estrada apresentou uma bifurcação. Pensativos paramos e começamos a analisar qual dos dois seria o caminho correto a se seguir. Meu irmão depois de muito meditar e refletir achou por melhor seguir o caminho da esquerda, enquanto que eu, seguindo a voz que lentamente começou a se manifestar dentro de meu ser, segui o da direita.
Enquanto andava recomeçando o meu caminhar, novamente sozinho, olhei para trás para ver mais uma vez meu irmão, e percebi que ele naquele exato momento transpassava um enorme buraco que havia no caminho da esquerda pelo qual ele seguiu. Preocupei-me, mas segui. Caminhei.
Muitos foram os dias que andei, muitas foram as paisagens que pude contemplar. Por diversas vezes tive que pular uma ou duas pedras que se apresentavam no meu caminho, mas ainda assim segui. Segui até que finalmente pude vislumbrar o que buscava. Ao longe, lá no fim, sentado em uma pedra estava o grande mestre, ele me aguardava.
Ele acenou para mim e sorriu. Eu emocionado por ter alcançado a graça de encontrá-lo corri ao seu encontro. Quando me aproximei ele disse:
- Meu filho, finalmente chegaste!
Eu estava ali diante do grande mestre e no entanto tudo em que conseguia pensar era em meu irmão, pois ele tomara o caminho errado.
O mestre que enxergava muito além do que é possível mensurar percebeu que havia algo de errado comigo e questionou:
- O que lhe aflige meu filho?
Eu disse então.
- Mestre meu irmão que caminhava comigo tomou o caminho errado, por favor me aguarde enquanto eu retorno para buscá-lo.
O mestre riu inocentemente e disse:
- Não meu filho, ele não tomou o caminho errado. Ele tomou o caminho certo. Também estou ao final daquele caminho aguardando que ele chegue até mim.
Minha mente mesmo tendo se modificado em relação ao que era quando comecei a trilhar a estrada não conseguia entender, assim perguntei:
- Mas mestre o senhor está aqui, como pode também estar lá?
E o mestre me respondeu.
- Meu filho, eu estou em todos os lugares é preciso apenas querer me enxergar.
Ainda inconformado questionei:
 Mas mestre eu notei que o caminho que meu irmão tomou possuía diversos buracos, como pode aquele ser o caminho correto para levar até o senhor?
E o mestre sorrindo me disse:
- Meu filho, da mesma forma seu irmão notou as diversas pedras que haviam no caminho que você seguiu, e por isso ele escolheu seguir pelo outro. Para ele é mais fácil ultrapassar buracos que pular pedras, enquanto que para você é o oposto.
Como todo aquele que ainda não detém o entendimento insisti:
- Mas senhor se ele viesse pelo caminho que eu vim eu o ajudaria a transpor as pedras e ele à mim, o caminho seria mais fácil para nós dois.
- Não meu filho, - disse o mestre - o caminho nunca é fácil. Mesmo que ele viesse com você, ou você fosse com ele a estrada se mostraria diferente para cada um. Aonde ele visse um buraco, talvez você visse uma pedra. Aonde ele visse uma passagem estreita, talvez você visse uma passagem larga e vice-versa, pois a estrada meu filho, é diferente para cada um e o caminhar também o é. Enquanto em alguns momentos ele quisesse andar mais rápido, talvez você quisesse andar mais lento. Quando você quisesse continuar caminhando, talvez ele quisesse parar e descansar. Assim é essa estrada. E cabe a cada um descobrir o seu caminho e o seu caminhar.
Um facho de compreensão atravessou-me e pude finalmente contemplar uma parcela da verdade. Maravilhado com isso agradeci ao mestre:
- Obrigado mestre. Obrigado por ter aberto meu entendimento para isso.
E o mestre com o olhar mais piedoso que já contemplei nessa encarnação, e a voz mais terna que já tive a oportunidade de ouvir me disse:
- Não meu filho, agradeço-te eu. Obrigado por permitir-me ensinasse-te isso.
Ao ouvir tal coisa percebi a verdadeira grandiosidade da natureza do mestre e chorando me ajoelhei aos seu pés, inclinei a cabeça e fechei os olhos.
Quando abri os olhos percebi que estava deitado em minha cama. Olhei pela janela e vi que a noite se despedia preguiçosa enquanto uma aurora dourada lentamente começava a se erguer no leste. O relógio marcava 05:07 da manhã, logo começaria mais um dia igual a todos os outros, mas eu não seria mais o mesmo. Então me levantei e fitei o espelho, tinha os olhos ainda úmidos e no peito a sensação de que recebi algo maior do que podia imaginar. Respirei fundo, acendi uma vela simples, e com a mais intensa devoção que pude extrair de meu coração... orei..."

*Drol Redaj

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Navegar é preciso


Ontem tivemos mais uma vez a oportunidade de falar sobre o caminho, sobre aproveitar a caminhada com tudo que ela nos oferece; então percebi que estávamos falando de escolhas e de colher os frutos delas, falando de poder voltar ao ponto de partida ou a algum lugar onde se possa pegar outro caminho; quando falamos de caminhos temos imediatamente a ideia de um espaço a ser percorrido entre um ponto "A" e um ponto "B". Desejo que enchamos o nosso caminho, entre o nascimento e a morte, de alegria, verdadeiros amigos, conquistas, humildade, generosidade, descobertas, amores, viagens; jamais de soberba, intriga, inveja, maldade, avareza.
Aproveitemos esse dom, o dom da vida, que possamos entender que ela, a vida, é dinâmica e que essa dinâmica aponta para a necessidade de caminhar, como dizia Fernando Pessoa: "Navegar é preciso".

Plena Paco !

terça-feira, 17 de julho de 2012

Ísis - Poema


Amados leitores estou explodindo de felicidade, aquele frater me enviou outro poema antigo que estava sob sua guarda, autorizando-me publicá-lo aqui, então . . .

Ísis


Do templo oculto a luz mantenho acesa,
a luz da antiga chama que fulgura
iluminando a senda íngreme e dura,
que leva ao entender da natureza.

Da vida eu guardo a força e a beleza.
Conheço a lei do fado e da ventura.
Desfaço a negra sombra que perdura,
à limitar do ser toda a grandeza.

E enquanto o pleno despertar espero
do ser humano, ao buscador sincero
concedo as chaves dos portais do céu.

Porém meu fogo eterno ao vil consome,
e assim nenhum mortal sabe meu nome...
mortal nenhum ergueu meu grosso véu...

Drol Redaj

É um grande prazer poder publicar mais essa pérola desse antigo sábio; grato sempre meu grande irmão pela confiança e apreço.

A Paz.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Ciclos


A vida e seus ciclos, eis um belo assunto para submetermos a reflexão; as cinco fases da vida, a alternância entre dias e noites, entre as estações, as trocas gasosas que se dão em nossos pulmões, todos belos exemplos dos ciclos que marcam nossa passagem por este mundo. Hoje quero falar de um ciclo muito interessante, um ciclo ao qual devemos nos conformar, digo conformar não só no sentido de aceitar mas, principalmente, no de compreendê-lo e utilizá-lo para nosso benefício. Trata-se do "4A 4E", a vida é assim, o médico só se torna médico se um outro médico lhe ensinar, assim como o músico, o motorista, e pasmem, até mesmo ser humano só torna-se humano no convívio com outros seres humanos. Assim chamo a atenção para um assunto abordado por nós no sábado dia 7 de julho; a importância dos instrutores, do grupo e de sua egrégora.


Sendo assim, partilharei um conceito que me foi ensinado a cerca de 15 anos; incorporando a ele minha própria didática passei a chamá-lo Ciclo de "4A 4E", ou seja, Aprender a Aprender, Aprender a Ensinar, Ensinar a Aprender e, Ensinar a Ensinar. Este é um ciclo lógico em toda escola embora muitas vezes o fato se perca de vista, nas escolas de espiritualidade, sejam elas menos ao mais dogmáticas, o ciclo 4A4E é sempre aplicado, o novato (neófito, recém convertido, acólito) é preparado paulatinamente para em dado momento assumir uma posição de decisão dentro do grupo, inclusive no que diz respeito ao ensino.


Nós, aprendizes da vida espiritual, devemos ter em mente que em algum momento ser-nos-á cobrada a postura de vanguarda diante dos assuntos de nossa instituição, seja ela qual for; o aprendizado da espiritualidade deve ser aplicado na vida, esse é seu único objetivo, daí os constantes alertas quanto à busca meramente por curiosidade, porquanto ao cobrar-se o preço do esforço dispendido pelos instrutores não se aceita menos que excelência, é o que devemos aos nossos mestres, instrutores, mártires, iniciadores etc . . . Por isso aproveitemos todas as oportunidades pra aperfeiçoarmo-nos, não vacilemos diante dos desafios, eles são os momentos de testar nossa evolução no trabalho, essa é a fase de ganhar confiança para encarar os verdadeiros desafios que virão, aqueles que porão à prova nossa vontade, ameaçando não só nossa individualidade mas também todo o trabalho ao qual nós e nossos mestres se dedicaram, a continuidade do próprio ciclo.


Por isso lembremo-nos, excelência, responsabilidade, não se espera nada menos dos estudantes da mais profunda, antiga e complexa ciência, a ciência do Ser.


Pax et Lux.

domingo, 8 de julho de 2012

A Busca - Poema


Queridos leitores/irmãos, recebi uma valiosíssima contribuição pela qual estou imensamente agradecido,  estou muito feliz em ter recebido autorização para compartilhá-la com os amados; trata-se de um poema profundamente místico, muito rico em significado e carregado de simbologia rosacruz. O frater que é depositário desta obra pediu-me sigilo quanto ao seu nome mas, no entanto, exigiu que o nome de seu autor fosse divulgado, tendo sido ele um grande iniciado, místico proeminente, e inspirado poeta como poderemos confirmar a seguir.


A BUSCA

Busquei em toda parte a tal verdade
Que do humano ser dirige a vida,
Ergui o meu pensar à imensidade
Para encontrar a luz que foi perdida.

Busquei erguer o véu da antiguidade
Seguindo do saber a tão sofrida
Estrada, que conduz à eternidade,
E traz a Paz Profunda prometida.

Busquei e meu buscar foi coroado
Quando dentro de um espelho iluminado
Do Mestre Oculto, enfim, fitei a face.

E enquanto eu desdobrava o pensamento,
Pra me elevar no infindo Firmamento,
Ouvi a voz que do silêncio nasce . . .

Drol Redaj


É motivo de muita alegria poder compartilhar uma obra tão sublime, profunda e sutil; aos amados mais uma vez convido a compartilhar as belas pérolas de sabedoria que têm de graça recebido.

3XPaz

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A ansiedade e a fé no fracasso


Em dias agitados e incertos como os que vivemos podemos até encontrarmos justificativas para a ansiedade, parece-nos algo lógico, estou ansioso pois tenho uma conta a pagar; estou ansioso pois farei uma entrevista. Mas será mesmo assim que devemos reagir? Parece que a sociedade moderna espera isso de nós, no entanto nós não devemos obediência à vontade de tal sociedade; obediência às leis sim, porém isso extrapola a esfera legal, é algo auto-imposto, exigido pela família e pelos amigos, sempre escutamos: "deixe de ser ingênuo"; ou "você é mesmo um sonhador"; no dia 1º de outubro de 2010 postei uma menagem intitulada "De que tens se ocupado?"*, nela falei sobre a pré-ocupação e sobre os males que ela acarreta, trouxe ainda à baila este versículo:
Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.(Mt 6:34);
Assim quero ter incitado os queridos a pensar sobre o agora, sobre a nossa área de ação, podemos planejar algo para um futuro mais ou menos distante mas, esse planejamento sempre envolve fé; a fé, define meu grande amigo e pastor Milton Filho, é a firme convicção nas coisas que não se pode ver; então, obviamente todo planejamento envolve fé, afinal agimos agora e, esperamos determinado resultado para nossas ações.

A fé é um assunto que não costumo abordar porque no meu entendimento ela não é essencial a espiritualidade prática**, entretanto ela não é desprezível de forma alguma, sua presença nos prepara psicologicamente para a condição "desejada", escrevo entre aspas pois nem sempre depositamos fé em algo que realmente ou objetivamente queremos para nossas vidas, a ansiedade inúmeras vezes não passa de fé no fracasso, na derrota, na aniquilação de nossos planos; certa vez, em uma reunião de família, uma tia recebeu um telefonema, sua filha contava que, desde o dia anterior, estavam sem água lá em sua casa de praia; minha tia, muito nervosa, fala alto esbravejando: "- Pagamos um IPTU absurdo! Como pode eles estarem lá sem água?". Ela discorria todo o incomodo que é estar sem água em casa, relembrava momentos semelhantes e tentava imaginar como estaria seu neto lá mas, o interessante é que sua filha não mora lá, estava lá a passeio, poderia a qualquer tempo tomar seu carro e vir para casa, o que seria bem rápido porque nem era temporada e a casa é razoavelmente perto; podemos imaginar o desgaste emocional e psíquico causado por preocupações que extrapolam nossa esfera de ação. Nesse caso eu nem chamaria de pré-ocupação mas de super-ocupação ou talvez extra-ocupação, afinal, minha tia se ocupava de um problema que, além de não ser seu, seria facilmente resolvido, caso fosse realmente um problema.

O exercício da temperança, da mansidão, da vida tranquila passa pela fé, sem dúvida; ter fé em dias melhores, em momentos melhores é tão importante quanto não ter fé em problemas, em transtornos e dissabores; fé sadia é o que desejo e emano para todos os meus irmãos/leitores nos próximos dias em meus trabalhos diários.


**Esclareço mais uma vez que não exponho minhas compreensões como verdade;
*A mensagem encontra-se ainda disponível, basta clicar ao lado no ano de 2010.

Pax et Lux !!!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Dedic-AÇÃO


Quando estudo os antigos filósofos fico impressionado com a capacidade que tinham de não aceitar respostas prontas, com a aptidão que apresentavam para a busca de uma resposta mais adequada, mais válida, mais completa; por exemplo, gosto sempre de lembrar que Platão foi o primeiro a falar e, portanto, foi quem deu nome a partícula, denominando-a átomo, ele dizia existir um algo indivisível que era base de tudo o que se vê na natureza; no entanto, observe que o microscópio só foi inventado mais de 1940 anos depois! A foto acima é de outro desses malucos beleza que observamos pela história oficialmente registrada da humanidade, René Descartes, considerado o fundador do racionalismo e da filosofia moderna, eis um pequeno excerto de sua mais famosa obra, "O Discurso do Método":

"O bom senso é a coisa mais bem distribuída no mundo, pois cada indivíduo pensa ser tão bem provido dele, que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar tê-lo mais do que já tem. E é improvável que todos se enganem a esse respeito; mas isto é antes uma prova de que o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, que é justamente o que é denominado bom senso ou razão, é igual em todos os homens; e, assim sendo, a diversidade de nossas opiniões não se origina do fato de serem alguns mais racionais que outros, mas apenas de dirigirmos nossos pensamentos por caminhos diferentes e não considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o mais importante é aplicá-lo bem".

Esse pequeno parágrafo abre um leque de idéias incrível, veja a questão da fé sem obra; na última frase desse parágrafo o filósofo diz que não é suficiente ter um espírito bom, porém, aplicá-lo bem, não é suficiente nós querermos o bem, mas fazê-lo; não é suficiente nós querermos um emprego melhor, mas agirmos para tal; não é suficiente nós sabermos que existe uma dimensão espiritual, mas conhecê-la; não é suficiente nós acreditarmos em Deus, mas vivê-lo. Exemplificando, certa vez na faculdade um professor disse que os funcionários de nossa empresa deveriam saber que existe um plano de gestão da segurança, eu discordei e disse que eles deveriam conhecer, não só saber que existe um plano, ao que ele repudiou dizendo que seria a mesma coisa, saber e conhecer, então eu lhe perguntei se ele sabia onde está a Torre Eiffel, ele disse sim, claro, em Paris, na França, eu perguntei o que ele acha da textura do metal que a compõe . . .

Viver o espiritual vai alem do saber que ele existe, vai alem de prestar culto, participar de liturgias ou comemorar datas, buscar o espírito é um exercício diário, constante, é ser ético, coerente consigo mesmo, é ter responsabilidade social, e reconhecer-se no marginalizado.

Dediquemo-nos todos a essa sagrada obra!

Namastê .'.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Tomemos posição senhores !!!




Ola queridos! Que o Cósmico santifique vossas vidas!

Hoje, mais uma vez, vou falar sobre a espiritualidade prática; tenho o péssimo hábito de não me acostumar (conformar) com as coisas deste mundo, eu sei, eu sei, muitos já nos disseram: "- deixa pra lá, isso é assim mesmo"; eu entendo mas, não compreendo; sempre entendi como minha obrigação lutar contra a apatia sócio-espiritual que impera no mundo, muito drasticamente na América Latina e, muitíssimo bem estabelecida no Brasil; algum irmão pode me perguntar: "- O que o social tem haver com o espiritual?" Respondo: O homem é um ser gregário, ou seja, precisa viver em sociedade e, geralmente, essa sociedade deve ser bem estruturada para suprir as necessidades do indivíduo; admiro a Igreja Católica Apostólica Romana por na atualidade jamais deixar de intervir, ainda que muito sutilmente, em questões que dizem respeito ao bem estar social em todo o mundo, entendo como obrigação de todo ser espiritual a manutenção da Paz, sim da Paz com "P" maiúsculo, porque onde estará a paz de quem tem fome de comida? Ou de quem tem fome de justiça, fome de família, fome de cultura, fome de saúde, fome de lazer . . . Aí mais uma vez entramos nas questões políticas, lembro da trágica cena levada ao ar pela Rede Globo de Televisão onde ladrões do dinheiro público em Brasília oravam fervorosamente ao senhor (qual?!) agradecendo o lucro escuso que acabavam de ter, isso é sintoma de doença sócio-espiritual, e pior, é uma epidemia !!! Outro sintoma corriqueiro que passa despercebido no cotidiano são as agressões entre torcidas de futebol, claro que o esporte é bom, e a competição saudável é desejável mas, ganhar quebrando o braço de outra pessoa, ou coisa pior, não é vitória! Não há honra nisso! Veja outro caso, o caso do Policial que matou um guarda-vidas, por conta de um esbarrão da namorada deste no retrovisor do carro do primeiro(!), uma selvageria bestial, um ato praticado completamente fora da razão (egrégora) da raça humana! Onde foi criado esse monstro? Acredito que monstros como estes estão por toda parte, alimentados pela mídia em parte, porém, muito mais pelas agruras da vida, as fomes às quais me referi.
Por isso digo, devemos lutar, deixar de hipocrisias do tipo: "nossa luta é contra o espírito", e partir para a batalha contra a corrupção, contra a falta de cultura, contra a falta de respeito para com a pessoa; oremos e deixemos que nossos corpos (espiritual, mental e físico) se encham desse assunto para que possamos tomar posição ante à demanda atual e efetivamente por o pé no caminho para a "Nova Atlântida"!

Pax !

sábado, 14 de janeiro de 2012

Sou meio são !

Já ouviu aquele adágio? "Ninguém é normal visto de perto". Pois bem em conversa recente com um grande amigo, um irmão de caminhada, um estudioso de cabala, um cientista/místico, falávamos sobre ser normal, ser conforme os padrões, agir e até pensar como "manda" a praxe social. Nós concordamos que os idealistas, aqueles que enxergam boas opções, os que "veem o lado bom" são muito assim; por vezes tidos como loucos, inocentes, sonhadores, idealistas e outros adjetivos eles estão sempre aptos a tentar mais um pouco antes de desistir de algo ideologicamente bom, o Mahatma (Grande Alma) Ganghi é o melhor exemplo do qual me lembro agora, formado em direito na Inglaterra poderia ter vivido bem, financeiramente, fisicamente, em qualquer lugar mas, jamais teria vivido bem consigo mesmo se não houvesse assumido a causa de seu povo que sofria sob o julgo da colonização inglesa; acredito que isso é ser como a criança, perceba como a criança não vê dificuldade para a consecução de seus desejos, ela não liga para convenções sociais, ela não teme o ridículo, ela age conforme seus sentimentos.

"Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus."
Mt 18.4

Daí a importância de um novo nascimento, esse novo nascimento nos abre os olhos para um novo mundo aqui mesmo, um mundo novo filtrado pela inocência, inocência é o que evita que fiquemos tentando entender o sentido oculto de tudo que nos falam, quem nunca ouviu alguém dizer: "- que quer dizer com isso?" ou "- ele quiz dizer . . ." o inocente acha que a pessoa só disse o que disse e pronto, não gasta energia tentando entender além, achando ainda por cima que isso é ser inteligente, ao mesmo tempo em que cria falsas expectativas, ou mal estares desnecessários. Isso me lembra a máxima: Você deve ter a cabeça aberta mas, nem tanto a ponto do cérebro cair! Então sejamos todos humildes e inocentes como as crianças, não viva tentando adiantar-se aos acontecimentos, deixe a vida te surpreender, garanto que terás mais boas surpresas que más.

É só ser assim como nós, os meio sãos, nós entendemos que viver preso às convenções sociais é trabalhoso, complicado, e nada divertido; preferimos viver assim, como nós somos, nós gostamos de quem é diferente de nós, nós aceitamos que sejam assim e, se essa diferença pode ser interpretada como defeito, nos simplesmente perdoamos e aproveitamos o que a vida tem de melhor para oferecer.

Salutem punctis trianguli .'.