terça-feira, 25 de setembro de 2012

Encontros com Drol Redaj


Edharme frequentava um mosteiro a algum tempo buscando encontrar ali uma parcela da antiga luz perdida, contudo notava algo errado na postura de alguns monges, eles agiam, falavam e consequentemente pensavam de forma totalmente oposta aos ensinamentos pregados ali. 
Um dia, quando do encontro semanal, adentrando os portais do grande templo viu um ancião acomodado, ele se diferenciava de todos os outros, não saberia explicar o que era, mas daquele ser algo irradiava, algo que inspirava a intensificar a busca pelo excelso.
Era costume os visitantes mais ilustres fazerem uma explanação, aquele venerável desconhecido falou sobre a jornada que todos nós, seres humanos, percorremos. 
Edharne não conseguiria descrever o que se sucedeu, e em suas memórias deixa claro acreditar que nenhum homem tão pouco conseguiria enquadrar os acontecimentos em qualquer lei da natureza conhecida. A força arrebatadora que as palavras daquele velho possuíam era inexplicável;  ao ouvi-lo sentiu que realmente tudo o que buscava  encontrar desde muito cedo poderia ser finalmente alcançado; sentiu que a verdade existia e estava acessível a todos os seres humanos, bastando apenas entregarem-se verdadeiramente à busca. Edharme não deixa claro em seus ensaios se foram fatos, sonhos ou delírios, parece mesmo que ele próprio não saberia dizer.
O ancião após dissertar com ardor acerca da necessidade de manifestarmos o que de melhor existe em nós, subjugando a malévola influência que o demônio chamado EGO nos inflige, calou-se e o silêncio que se seguiu trouxe uma harmonia inefável ao coração de Edharme que, ainda extasiado pelas reverberações que a voz daquele velho causaram-lhe, perguntou  ao monge ao seu lado:
- "Quem é ele?"
A resposta foi curta, soou mesmo como uma repreensão, como se fosse um pecado não conhecer o mestre.
- "Ele é o DROL", disse o monge com olhos incriminadores.
Edharme perdeu-se por um momento enquanto o nome do forasteiro ecoava em sua mente, porém onde a verdade se manifesta o erro sempre espreita.
Um monge de feições esquálidas, um dos mais promissores, que já há muito se entregara ao mosteiro, levantou-se após a influência vibratória de DROL amenizar, e com voz rouca e cortada proferiu ataques ao velho sábio, o monge esquálido que tentava demonstrar ter entendido as palavras do velho mestre se via traído por seus próprios olhos que deixavam transparecer o ressentimento por não tê-lo compreendido, indo contra o principal ensinamento do mosteiro que pregava tolerância, amor e paz, ergueu vociferações que depunham contra si próprio, e revelavam o medo de se ver diminuído em seu status de promissor estudante.
Quando calou-se o monge, DROL, sentado em seu lugar, ergueu a voz com tristeza profunda no olhar:



Um dia o jovem DROL sentado estava
Ouvindo um monge magro e altaneiro,
Que coisas sem sentido apregoava,
Que se julgava o sábio do mosteiro.

O magro monge ao seu semblante dava
Um ar correto, justo e verdadeiro,
Contudo em seu olhar se vislumbrava
Que lhe faltava o verbo derradeiro.

O monge magro então vociferava
Tomando o jovem DROL por embusteiro,
Contudo a sua voz nada gerava
Além de um eco vago e corriqueiro.

O jovem DROL que apenas desejava
Fitar a grande luz do ”Ser Primeiro”,
Notou que sua busca incomodava
O monge que dizia ser pedreiro.

O magro monge então lhe atacava
Com seu palavreado costumeiro,
E o jovem DROL somente se calava
Se perguntando: “- é isso ser obreiro?”

Assim o jovem DROL que se esquivava
Dessas querelas, como um cavalheiro
De forma educada lhe falava:
- “Respeita monge tolo o Jardineiro.”

Ao dizer essas palavras DROL retirou-se partindo com o olhar perdido em questionamentos que talvez nenhum homem possa compreender, fôra aquela a última vez em que DROL falaria naquele templo, e por muito tempo Edharme não voltaria a ter notícias de seu paradeiro, os monges continuaram seguindo a sua caminhada, vivendo como de costume a rígida rotina monástica, enquanto Edharme esforçava-se para não deixar se apagar de sua memória e de seu coração a imagem e as palavras daquele sábio; esforçava-se para manter vivo em seu ser o exemplo que lhe dera o velho  DROL REDAJ.

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