domingo, 7 de fevereiro de 2016

Espiritualidade, religião e fé

Sempre me questiono quanto às diferenças entre espiritualidade, fé e religião, quanto às suas interações, inter-relações; acho que seria exercício longo, extenuante e inconclusivo tentar analisar todos esses aspectos, não obstante, peço que me acompanhem num pequeno e particular exercício analítico:

- Espiritualidade, fé e religião são todos aspectos só encontrados no ser humano, portanto podem ser entendidos como questões não naturais;

- Podem ser aspectos compreendidos como inerentes à intelectualidade, particularidade que nos põe numa perspectiva exclusivamente humana;

Mas quem disse que o ser humano não é parte da vida natural da terra? E porque tendemos a entender os processos de criação das religiões exclusivamente como respostas intelectuais?

Prossigamos, interessantemente as religiões exigem fé em determinados postulados, os dogmas, e de alguma forma tentam sempre padronizar a espiritualidade no sentido de ditar sua experimentação "normal", outro fato interessante a observar é que a fé exigida é incompatível com o estudo, algo que muitas pretendem oferecer segundo seus próprios critérios; digo que é incompatível pois a fé é a firme convicção nas coisas que não se pode provar; então o ensino baseado num modelo cartesiano de pensamento, que afirma que a razão é a única via segura pela qual o conhecimento pode ser obtido, é incompatível com a fé em algo que não se pode provar, mensurar ou demonstrar; interessante também termos em mente que o homem é um ser gregário, e como tal, por várias vezes, se viu impelido a aceitar como válida a ideia convencionada como correta a fim de se ver inserido em um grupo, isso me lembra relatos de casos ocorridos durante a segunda grande guerra onde esposas denunciavam maridos, filhos denunciavam pais, irmãos entregavam irmãos, por não aceitarem as idéias megalomaníacas, então convencionadas como certas, de uma raça pura e superior; algo que compreendi foi que a religião como entidade, como pessoa, tem também seus mecanismos de defesa e autoproteção mas, gosto de lembrar que não há religião superior à verdade.

Agora entendo que espiritualidade é algo muito abrangente, particular e, por vezes, que se pratica sem perceber, nela e através dela demonstramos nossos melhores traços, nossa ética, altruísmo e solidariedade; ela pode ser praticada por cientistas e até por ateus declarados tendo em vista que não necessariamente pressupõe a existência de uma ser criador e soberano mas, sempre é a "materialização de um espírito", o espírito da raça humana, o reconhecimento de si no outro;

Quanto à fé sinto grande dificuldade para expressar-me, a fé é algo tão exclusivamente particular que talvez não possa ser explicada visto que toda explicação é uma delimitação, existem tantas fés quanto seres humanos, mas vou falar de uma fé que tenho observado tem ganhado espaço, a fé no acaso, no não fazer; de alguma forma é algo natural visto que é diretamente proporcional à necessidade de proteção divina; por exemplo: vemos pessoas mal instruídas, carentes financeiramente na maioria das vezes dizendo na porta de um hospital público que, "com fé em deus, conseguirão atendimento e alívio para seus sofrimentos", fé no acaso, mesmo contrariando todo o histórico da saúde pública algo acontecerá e seremos atendidos; o problema com isso é o que acaba manifestando-se na prática,  amanhã estaremos novamente votando nos mesmos candidatos e até nos aborrecendo caso alguém levante uma suspeita contra eles. Como sempre digo a vida cobra de nós cada vez mais responsabilidade, conosco e com a coletividade, e a responsabilidade é prática, ela precisa ter aplicação prática; imaginemos que naquele domingo, dia 27 de janeiro, um jovem chegasse à Boate Kiss e pedisse ao gerente pra ver os sistemas de prevenção contra incêndio e pânico, sem dúvida ele seria convidado a se retirar se não sofresse agressão física por isso; a responsabilidade por minha integridade física tem de partir de mim mesmo.

Diga sua opinião, participe.

A Paz !!!