domingo, 27 de agosto de 2017

Alchimicus vitam



     Sabe aquele dia que em que tudo se encaixa? Os amigos se encontram por acaso, as boas notícias chegam em abundância, parece que o cheiro do pão fresco ficou no ar até a hora do almoço. Pois é, acontece pra todo mundo, lógico, para alguns mais que para outros, taí! Será que conseguiríamos de algum modo aumentar a frequência desses dias nas nossas vidas? Pasmem, a resposta é sim, sim conseguiríamos. Mas como? Bom, antes de revelar este "segredo" dos sábios permita-me pontuar alguns aspectos importantes:

     1º- nesta terra nossas vidas jamais terão 100% de dias assim, porquê? Porque nossas existências aqui têm o objetivo de preparar-nos e essa preparação sempre envolve alguma resistência, voltaremos a falar disso adiante;

     2º- independente de quanta resistência ofereçamos individualmente, existe uma necessidade de se trabalhar o coletivo, portanto, a resistência de nossos irmãos sempre trará um atraso coletivo;
     
"... no mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo, eu venci o mundo"
Jesus, o Christo. Evangelho de São João 16:33.

     Esse pequeno excerto do texto bíblico sintetiza bem o antigo segredo dos sábios, vamos então desvelá-lo. Por conta dos aspectos comentados no parágrafo anterior compreende-se que teremos "aflições" na forma de desafios, temores e dúvidas, no entanto, o Messias, que sempre ensinou pelo exemplo, emenda: "- tende bom ânimo, eu venci o mundo." O não ter bom ânimo é o resistir, o ceder aos maus pensamentos é resistir, porquê resistir? Porque causa uma resistência à evolução inexorável que se procede em todo o universo.

“Aqueles que não aprendem nada sobre os fatos desagradáveis de suas vidas, forçam a consciência cósmica que os reproduza tantas vezes quanto seja necessário, para aprender o que ensina o drama do que aconteceu. O que negas te submete. O que aceitas te transforma. “
Carl Gustav Jung

      Não é a primeira vez que temos a oportunidade de falar dessa técnica por este canal, mas depois de um trabalho belíssimo do qual tivemos a honra e satisfação de participar hoje, resolvi ser um pouco mais enfático e específico neste particular, portanto eis a técnica: viva a vida de forma leve, não espere grandes acontecimentos nem para melhor nem para pior, as grandes alegrias estão nos pequenos detalhes; mantenha uma visão otimista, não busque o que rebaixa a moral, quem procura acha; seja sempre educado e pacífico, não se perde nada em ouvir a argumentação alheia; não emita tua opinião, salvo se solicitada, necessária e se for promover o progresso, em boca fechada não entra mosca; não entre em batalhas desnecessárias, porém não se omita ante a injustiça, para que o mal vença bastar que os bons cruzem os braços; pratica mais o ouvir que o falar, por isso dois ouvidos e apenas uma boca; cumpra com os compromissos assumidos, o combinado nunca sai caro; não recue ante o desafio, mas planeje antes do primeiro passo; se o que pensa em fazer não pode ser de conhecimento ostensivo, não faça, só os tolos trazem vergonha sobre si; se puder ajudar ajude, se não puder não atrapalhe, quem não vive para servir não serve para viver; agradeça, a gratidão é a virtude das almas nobres.

     Como podemos observar são atitudes simples, mas o viver franco, sem reservas mentais, preconceitos e ansiedades nos põe em harmonia com as forças mais construtivas do universo e por afinidade atraem o que há de mais suave e agradável para nossa curta passagem por esse plano de existência.

Frater Cognitor

sábado, 26 de agosto de 2017

Cegueira acerca de si

     Em recente debate com alguns irmãos pudemos discorrer sobre o orgulho e a vaidade, na ocasião sugeri que buscássemos os aspectos positivos de tais sentimentos, como podem imaginar não foi dos exercícios mais fáceis. O orgulho é mais suave de tratar por esse ângulo visto que é definido nos mais populares dicionários da língua portuguesa como sendo o sentimento de dignidade pessoal, brio ou altivez antes de entrar nas definições pejorativas do excesso de estima e admiração próprios, portanto, o orgulho pode ser algo legítimo, algo que nos move a realizar bem aquilo que devemos ou nos propomos a desenvolver.




     A vaidade foi um desafio, até porque sua definição no verbete já começa assim: qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória. Valorização que se atribui à própria aparência, ou quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, fundamentada no desejo de que tais qualidades sejam reconhecidas ou admiradas pelos outros. E não melhora, então é convencionado que a vaidade é algo a ser evitado. Então eis o desafio, descobrir em que a vaidade pode nos auxiliar no nosso cotidiano, sugeri que a vaidade pode ser aquele desejo de fazer algo que seja admirado pela coletividade, de valor reconhecido. Discorremos por esses meandros mas constantemente vinha à tona um assunto interessante, como é comum nós não conseguirmos nos ver a nós mesmos, visualizando muito facilmente o defeito do próximo e não conseguindo ver em nós o mesmo equívoco; no versículo 4 do capítulo 7 do livro de Mateus, da Bíblia consta um texto muito interessante, nele o autor pergunta como pode você querer tirar o cisco do olho do teu irmão sem antes tirar a trave que está no teu próprio olho, no versículo seguinte, o de número 5, o evangelista admoesta com veemência para que antes de retire a trave do próprio olho para então ajudar ao irmão, por fim, no versículo 6 o autor ensina: "- Não dê aos cães o que é sagrado, nem jogue pérolas aos porcos ..." Ou seja, não convém trazer as pérolas da sabedoria sagrada aqueles que são cheios si, de orgulho e vaidade, como costumo dizer, argumentar com tais pessoas é como jogar xadrez com um pombo, ele derruba todas as peças, caga no tabuleiro e sai voando de peito estufado como que com orgulho de sua obra.

     Concluo assim que, conforme o que consta no livro de provérbios, no versículo 3 do capítulo 20: "Sábio é para o homem desviar-se de questões, mas todo tolo é intrometido." Ou seja, se nosso irmão se sente cheio de sabedoria, não haverá para nós jamais a oportunidade de alertá-lo para sua tolice porque seu coração está cheio de certeza e confiança no seu próprio mérito, o que o torna cego sobre seus limites, e mesmo sobre seus erros, conseguindo ver sempre uma causa externa para qualquer possível fracasso; como tenho insistido, cabe ao peregrino da Luz Maior tão somente o trabalho sobre si e o silêncio, principalmente sobre as virtudes que acredita ter e os defeitos que consegue ver no outro. Lembro que nossos textos aqui servem tão somente para compartilhar ideias e reflexões, não cabendo a nós buscar enquadrar qualquer pessoa nos exemplos aqui existentes.
Frater Cognitor