terça-feira, 25 de outubro de 2011

EQV

Nos últimos dias tenho sido bombardeado pelo assunto "Experiências de Quase Morte". Matérias na TV aberta e por assinatura, textos, e conversas descontraídas sempre vêm trazer o mesmo tema; na noite passada refleti sobre isso antes de dormir, percebi que os relatos são os mais variados, encontros com entes a muito mortos (ou desencarnados ou seja lá como queira denominar), encontro com pessoas desconhecidas, presenciamento de fatos próximos ou não, bem; há um relato de um cidadão que diz ter se visto de fora no momento em que ele parecia flutuar junto ao teto do hospital onde estava internado mas, logo depois se viu subindo para os céus quando sentiu uma presença à sua esquerda, ele virou-se e viu uma escuridão, relata que essa escuridão não era apenas a falta de luz mas que era um ser, imediatamente, diz ele, percebeu que não deveria jamais ir para lá, que deveria tentar a qualquer custo continuar subindo . . . O relato prossegue como tantos outros quando ele sobrevive milagrosamente e sua vida muda completamente.
Os relatos nestes moldes são muitos, muitíssimos mesmo; e ao compará-los percebi uma coisa, essas pessoas despertaram de uma "Experiência de Quase Vida", fiquei imaginando quantos de nós tem a oportunidade de despertar assim? De romper com as amarras do cotidiano, do normal, do convencional? Em todos os relatos fica claro que por conta da experiência o indivíduo toma ciência de que sua vida como é não o agrada mais, algo sempre muda, algumas vezes a mudança é mais drástica outras há apenas um ajuste, num "instante" a pessoa percebe que o que viveu não foi vida, mas que poderão viver com abundância dali por diante. As discussões são muitas, existe quem não acredite, exite quem acredite e quem acredite no sentimento mais duvide da mecânica ou tenha outra teoria mas, como as teorias não me interessam, o meu foco é mais no que se segue aos relatos.

Paz !!!

sábado, 15 de outubro de 2011

Sabedoria (V tempo M)

Andei pensando sobre a nossa experiência do tempo, entendo que ele, o tempo, é uma ilusão muito bem posta em nossas vidas; um pequeno exemplo, é simples achar que uma viagem é mais curta que a outra, mesmo que estejamos comparando viagens pra o mesmo lugar e sobre as mesmas condições externas, quando estamos atrasados ou ansiosos por chegar ao destino experimentamos cada momento da espera com minúcia, ao passo que enquanto relaxados conversando com um amigo a viagem se esvai subitamente.

É uma ilusão muito bem estabelecida nas nossas vidas, todo dia, o dia todo, durante toda a vida temos a impressão de que podemos usar o tempo a nosso favor, sair mais cedo pra chegar mais tranquilo, sair mais tarde já que vou de carro, deixar pra depois uma solução.

Na quinta-feira, dia 13 de outubro, estive naquele cenário de guerra que apresentou-se lá na Pç Tiradentes, no Restaurante Filé Carioca, vi o corpo do jovem Matheus, uma morte súbita, provavelmente instantânea, depois pelas imagens veiculadas na TV pude ver o momento quando ele passava pela porta do estabelecimento, passei a pensar em como pode ser dramático o momento de deixar este mundo; hoje, a poucos minuto, vi um senhor, com idade entre 65 a 75 anos, acometido por um mal súbito em via pública, aqui mesmo em Belford Roxo, na "rua do meio", ele teve uma hemorragia severa, ajudamo-lo a sair de sua bicicleta e sentar-se na calçada, em menos de 5 min foi a óbito.

Então me veio o trinômio Vida, tempo, Morte. Tempo é o que temos entre os dois maiores mistérios do universo, é do que dispomos para no momento de deixarmos este mundo estarmos leves. Comparei os dois casos e imaginei que o senhor, assim como eu, deveria ter assuntos pendentes, um pedido de perdão, perdoar um, admoestar outro, percebi que ele deve ter deixado algo por fazer assim como eu tenho postergado decisões, em minhas divagações supus que o jovem Matheus também poderia ter assuntos que estivessem por resolver que, no entanto, jamais serão resolvidos por ele. Comparando os dois percebi que teriam tipos, personalidades, completamente diversas, o senhor com seus ralos cabelos brancos tinha um certo ar de austeridade, aquele semblante de respeito que só os sexagenários alcançam, já o rapaz provavelmente era aquele jovem alegre, cheio de planos e aspirações para o futuro, de seus 19 anos vislumbrava todo um futuro pela frente, logicamente se via nesse futuro pleno de possibilidades mas, ambas as vidas foram interrompidas, o rapaz a menos de 30 metro de seu local de trabalho, o senhor a menos de 100 metros de sua residência, indubitavelmente ninguém imaginaria o derradeiro momento em locais tão familiares, em condições tão repentinas.

A sabedoria é a saída para passarmos pelo ocaso da vida de maneira serena, confiantes de que deixaremos boas recordações, recordações de humildade ao assumirmos e nos desculparmos por nosso erros, recordações de compreensão ao compreender e perdoar aos que erram, recordações de jovialidade ao aprender com outros, recordações de desprendimentos ao, em altivez, compartilharmos o que aprendemos, nesse trinômio a sabedoria deve ser introduzida sem moderação, contra ela não pesa qualquer contraindicação, dela não advém qualquer efeito colateral. Ter sabedoria é saber rir de si mesmo, é não se julgar maior nem menor que outrem, entendendo que todos os seres tem seus méritos. Agir sabiamente é não avocar-se de valores, ainda que os possua, mas compartilhá-los. É ser uma eterna criança.


Pax !!!